domingo, janeiro 27, 2008

AS ETAPAS PESSOAIS COMO DOCENTE

Em que etapa estamos nós???? Vale a pena descobrir.

Este é parte de um texto de José Manuel Moran
Especialista em projetos inovadores na educação presencial e a distância
jmmoran@usp.br


Apesar de que cada docente tem sua trajetória, há pontos da evolução profissional coincidentes. Relato a seguir uma síntese de questões que costumam acontecer – com muitas variáveis - na trajetória de muitos professores, a partir da minha experiência.

Primeira etapa: iniciação
No começo recém formado, começa a ser chamado para substituir um professor em férias, uma professora em licença maternidade, dá algumas aulas no lugar de professores ausentes. Ele ainda se confunde com o aluno, intimamente se sente aluno, mas percebe que é visto pelos alunos como uma mistura de professor e aluno. Ele luta para se impor, para impressionar, para ser reconhecido. Prepara as aulas, traz atividades novas, se preocupa em cativar os alunos, em ser aceito. Sente medo de ser ridicularizado em público com alguma pergunta impertinente ou muito difícil. Tem medo dos que o desafiam, dos alunos que não ligam para as suas aulas, dos que ficam conversando o tempo todo. Procura ser inovador, e, ao mesmo tempo, percebe que reproduz algumas formas de ensinar que via como aluno, algumas até que criticava. É uma etapa de aprendizagem, de insegurança, de entusiasmo e de muito medo de fracassar. O tempo passa, os alunos vão embora, chegam outros em outro semestre e o processo recomeça. Agora já tem uma noção mais clara do que o espera; planeja com mais segurança o novo semestre, repete alguns macetes que deram certo no primeiro semestre, busca alguns textos diferentes, inova um pouco, faz uma síntese do que deu certo antes. Vê que algumas atividades funcionam sempre e outras não tanto. Descobre que cada turma tem comportamentos semelhantes, mas que reage de forma diferente às mesmas propostas e assim vai, por tentativa e erro, aprendendo a diversificar, a desenvolver um “feeling” de como está cada classe, de quando vale a pena insistir na aula teórica planejada e quando tem que introduzir uma nova dinâmica, contar uma história, passar um vídeo, encurtar o fim da aula, etc.

Segunda etapa: consolidação
De semestre em semestre o jovem professor vá consolidando o seu jeito de ensinar, de lidar com os alunos, as áreas de atuação. Consegue ter maior domínio de todo o processo. Isso lhe dá segurança, tranqüilidade. Os colegas e coordenadores vão indicando-o para novas turmas, novas disciplinas, novas instituições. Multiplica o número de aulas. Aumenta o número de alunos. É freqüente, no ensino superior particular, um professor ter entre mais de quinhentos alunos por semana. Compra um apartamento. Forma uma família. Vira um tocador de aulas. Cada vez precisa aumentar mais o número de aulas, para manter a renda.
Desenvolve algumas fórmulas para se poupar. Repete o mesmo texto em várias turmas e, às vezes, em várias disciplinas. Utiliza um mesmo vídeo para diversos temas. Dá trabalhos bem parecidos para turmas diferentes, em grupo, para facilitar a correção. Lê superficialmente os trabalhos e as provas. Faz comentários genéricos: Continue assim, “insuficiente”, “esforce-se mais”, “parabéns”, “interessante”. Prepara as aulas encima da hora, com poucas mudanças. Repete fórmulas, métodos, técnicas.

Terceira etapa: Crise de identidade

Sempre há alguma crise, mas esta é diferente: pega o professor de cheio. Aos poucos o dar aula se torna cansativo, repetitivo, insuportável. Parece que alguns coordenadores são mais “chatos”, “pegam mais no pé”. Algumas turmas também não querem nada com nada. As reuniões de professores são todas iguais, pura perda de tempo. Os salários são baixos. Outros colegas mostram que ganham mais em outras profissões. Renova-se a dúvida: vale a pena ficar como está ou dar uma guinada profissional?
Por enquanto vai tocando. Torce para que haja muitos feriados, para que os alunos não venham em determinados dias. Qualquer motivo justifica não dar aula. Cria muitas atividades durante a aula: leituras em grupo, pesquisa na biblioteca, vídeos longos e isso lhe permite descansar um pouco, ficar na sala dos professores, poupar a voz.
Muitas vezes essa crise profissional vem acompanhada de uma crise afetiva. O relacionamento a dois não é o mesmo, passa pela indiferença ou pela separação. Sente-se intimamente bastante só, apesar das aparências. E em algum momento a crise bate mais fundo: o que é que eu faço aqui? Qual é o sentido da minha vida? Tem tanta gente que sabe menos e está melhor! Como defender uma sociedade mais justa num país onde só os mesmos ficam mais e mais ricos?
Olha para trás e vê muitos recém formados doidos para entrar a qualquer jeito, ganhando menos do que ele. E esses moleques petulantes têm outra linguagem, dominam mais a Internet, estão cheios de gás. Embora faça cursos de atualização, sente-se em muitos pontos ultrapassado. Sempre foi preparado para dar respostas, para ser o centro do saber e agora descobre mais claramente que não tem certezas, que cada vez sabe menos, que há muitas variáveis para uma mesma questão e que novas pesquisas questionam verdades que pareciam definitivas. Essa sensação de estar fora do lugar, de inadequação vai aumentando e um dia explode. A crise se generaliza. Nada faz sentido. A depressão toma conta dele. Não tem mais vontade de levantar, chega atrasado. Justifica cada vez mais suas faltas.

Quarta etapa: mudanças
Diante da crise, alguns professores desistem, entregam a toalha. Procuram algumas saídas, mesmo que precárias: festas, um caso, bebida, algumas viagens. Depois vão se acalmando, dizem: a vida é assim mesmo; “vou tocar a vida o melhor que puder e seguir enfrente”.
Alguns procuram uma nova atividade profissional mais empolgante e deixam as aulas como complemento, como “bico”.
Ele procura refletir sobre sua vida profissional e pessoal. Tenta encontrar caminhos, reaprender a aprender. Atualiza-se, observa mais, conversa, medita. Aos poucos busca uma nova síntese, um novo foco. Começa pelo externo, por estabelecer um relacionamento melhor com os alunos, procura escutá-los mais. Prepara melhor as aulas, utiliza novas dinâmicas, novas tecnologias. Lê novos autores, novas filosofias. Reflete mais, medita. Descobre que precisa se gostar mais, aceitar-se melhor, ser mais humilde e confiante. E assim, pouco a pouco, redescobre o prazer de ler, de aprender, de ensinar, de viver. Está mais atento ao que acontece ao seu lado e dentro de si. Procura simplificar a vida, consumir menos, relaxar mais. Vê exemplos de pessoas que envelhecem motivados para aprender e isso lhe é um estímulo para o futuro, para seguir adiante, para renovar-se todos os dias. Torna-se mais humano, acolhedor, compreensivo, tolerante, aberto. Dialoga mais, ouve mais, presta mais atenção. Com o assar do tempo percebe que não é perfeito, mas que tem evoluído muito e que redescobriu o prazer de ensinar e de viver.
“Sinto-me como alguém que envelhece crescendo” (Rogers)
[1]

Esta é a atitude maravilhosa de quem gosta de aprender. O aprender dá sentido à vida, a todos os momentos da vida, mesmo quando ela está no fim.
Aprendi com Rogers a sentir prazer em aprender, e a perceber que podemos envelhecer vivenciando a alegria de aprender com mais profundidade, descobrindo novas perspectivas, idéias, pessoas. Sinto que muitas pessoas aprendem por necessidade, para sobreviver, para não ficar para trás, para ganhar dinheiro. Quando se aposentam, costumam aposentar-se também de aprender. E perdem uma das grandes motivações de viver. Tornam-se previsíveis, repetitivos.
Essa atitude de gostar de aprender não se improvisa. Vai se desenvolvendo ao longo da vida, a partir de experiências positivas na infância, em casa e na escola. Se a escola incentiva a curiosidade, a descoberta, o aluno desenvolve o gosto por ler, por ir além do exigido, pesquisa por si mesmo e vai atrás de novos conhecimentos.

O texto na íntegra pode ser lido no seguinte endereço:

http://www.eca.usp.br/prof/moran/desafios.htm

sábado, fevereiro 17, 2007

Carnaval

Vale a pena destacar a letra do samba da Império Serrano.PARABÉNS

GRES IMPÉRIO SERRANOCARNAVAL 2007Enredo: Ser diferente é normal: o Império Serrano faz a diferença no carnavalCompositores: Arlindo Cruz/Maurição/Aloísio Machado/ Carlos Senna/ João BoscoIntérpretes: Maurição, Nilton Sereno, Geraldão e Gustavo Henrique

EU QUERO VER
O AMOR FLORESCER
SER DIFERENTE É NORMAL
E O IMPÉRIO TAÍ
PRA LEVANTAR SEU ASTRAL
SE LIGA NO MEU CARNAVAL


SERRINHA VEM PEDIR RESPEITO
TEMOS QUE OLHAR DE OUTRO JEITO
QUEM NASCEU DIFERENTE
E VENCEU PRECONCEITO
A GENTE TEM QUE ADMIRAR
HARMONIZAR PRA SER FELIZ
DIFERENÇA SOCIAL, PRA QUÊ?
TÁ NA CARA QUE A BELEZA
ESTÁ NOS OLHOS DE QUEM VÊ
ROMANTISMO IRRADIA ENERGIA PRA VIVER
NESSE MUNDO ONDE TUDO É RELATIVO
MINHA ESCOLA É MEU MOTIVO
MEU MAIOR PRAZER!

A HISTÓRIA DO SAMBA MUDOU
BATERIA DIFERENTE, OLHA O TOQUE DO AGOGÔ
NO PRIMEIRO DESTAQUE E NA COMISSÃO
AS NOVIDADES VERDE-E-BRANCO, MEU IRMÃO

DIFÍCIL
CONVIVER NA ADVERSIDADE
COM ARTE SER EFICIENTE
FAZER DA PINTURA SUA LIBERDADE
FAZER ESCULTURAS USANDO A PAIXÃO
FEITIÇO DE POETA INVADE O CORAÇÃO
DIVINO É O PODER DA CRIAÇÃO
EU PERGUNTO A VOCÊ
SERÁ QUE EXISTE?
LIMITE ENTRE A LOUCURA E A RAZÃO

sábado, fevereiro 10, 2007

APRENDENDO COM AS FORMIGAS


A formiga...Outro dia, vi uma formiga que carregava uma enorme folha.
A formiga era pequena e a folha devia ter, no mínimo, dez vezes o tamanho dela.
A formiga a carregava com sacrifício.
Ora a arrastava, ora tinha sobre a cabeça.
Quando o vento batia, a folha tombava, fazendo cair também a formiga.
Foram muitos os tropeços, mas nem por isso a formiga desanimou de sua tarefa.
Eu a observei e acompanhei, até que chegou próximo de um buraco, que devia ser a porta de sua casa.
Foi quando pensei: "Até que enfim ela terminou seu empreendimento".
Na verdade, havia apenas terminado uma etapa.
A folha era muito maior do que a boca do buraco, o que fez com que a formiga a deixasse do lado de fora para, então entrar sozinha.
Foi aí que dissem a mim mesmo: "Coitada, tanto sacrifício para nada."
Lembrei-me ainda do ditado popular: "Nadou, nadou e morreu na praia."
Mas a pequena formiga me surpreendeu.
Do buraco saíram outras formigas, que começaram a corta a folha em pequenos pedaços.
Elas pareciam alegres na tarefa.
Em pouco tempo, a grande folha havia desaparecido, dando lugar a pequenos pedaços e eles estavam todos dentro do buraco.
Imediatamente me peguei pensando em minhas experiências.
Quantas vezes desanimei diante do tamanho das tarefas ou dificuldades?
Talvez, se a formiga tivesse olhado para o tamanho da folha, nem mesmo teria começado a carregá-la.
Invejei a força daquela formiguinha
Naturalmente, transformei minha reflexão em oração e pedi ao Senhor:
Que me desse à tenacidade daquela formiga, para "carregar" as dificuldades do dia-a-dia.
Que me desse à perseverança da formiga, para não desanimar diante das quedas.
Que eu pudesse ter a inteligência, a esperteza dela, para dividir em pedaços o fardo que, às vezes, se apresenta grande demais.
Que eu tivesse a humildade para partilhar com os outros o êxito da chegada, mesmo que o trajeto tivesse sido solitário.
Pedi ao Senhor a graça de, como aquela formiga, não desistir da caminhada, mesmo quando os ventos contrários me fazem virar de cabeça para baixo; mesmo quando, pelo tamanho da carga, não consigo ver com nitidez o caminho a percorrer.
A alegria dos filhotes que, provavelmente, esperavam lá dentro pelo alimento, fez aquela formiga esquecer e superar todas as adversidades da estrada.
Após meu encontro com aquela formiga, saí mais fortalecido em minha caminhada.
Autor desconhecido

domingo, fevereiro 04, 2007

Início de uma nova etapa

Para nós, educadores, dia 05 de fevereiro começa uma nova etapa. É o início do ano letivo. Embora algumas escolas tenham iniciado suas atividades em 01 de fevereiro, dia 05 é o dia oficial. Aquele em que a sala estará lotada, os risos, as conversas, os questionamentos, os passeios de carteira em carteira ( feito pelos alunos) tornarão nossas manhãs, tardes e noites surpreendentes. Um dia estaremos no céu, outros ......
Bem é isso aí. Somos humanos sujeito a acertos e erros, sorrisos e caras feias, vitórias e derrotas, carinho e descaso, tranquilidade e tumultos. Assim é.
Paz e luz a todos!

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Os Pais e o comprometimento educacional

Olá pessoal!!!

O artigo abaixo foi redigido por Léa Guedes. Ela está finalizando este ano o curso Normal Superior e já atua na área educacional.
Dêem uma lida no artigo e não esqueçam de deixar seus comentários sobre ele.

Caminhamos para o início do ano letivo e muitos pais se encontram ainda indecisos quanto à escolha de uma escola ideal para seu filho e que atenda suas necessidades. É preciso que vários fatores sejam levados em consideração tais como estrutura física, proposta pedagógica e outros. Mas, a meu ver e entender, é preciso conhecer o perfil do educador. Vivemos numa era onde tudo acontece rapidamente, as crianças, adolescentes e jovens de hoje também são diferentes, com necessidades de algo a mais.
Então o educador, para acompanhar estas mudanças, tem de ser pesquisador, inovador e estar aberto a elas. O educador não pode estacionar porque o conhecimento é progressivo. Imagine o médico que prescreve um medicamento indevido, seu efeito colateral será desastroso, causando sérias conseqüências no paciente. Assim é oeducador; ele pode causar no educando sérios traumas, transformando-o em vítima educacional.
É preciso uma capacitação e reciclagem constante do profissional. É tarefa dos pais ou responsáveis verificar o perfil desse professor, se ele lê variadas literaturas, se pesquisa os PCNs,se faz cursos para atualizar seus conhecimentos, ou se confirma sua presença inicial no estabelecimento, com uma assinatura, retornando durante o período do curso as vias públicas, no intuito de gastar o tempo, preenchendo assim a carga horária.
Hoje é preciso um comprometimento maior com a questão do ser, pois somos seres com particularidades exclusivas,as quais precisam ser atendidas na medida do possível. Portanto a transformação educacional só acontecerá na medida em que os pais se familiarizarem com os assuntos educacionais, ou melhor recorrerem a vasta literatura existente e conhecerem o que os pensadores educacionais dizem, para um eventual questionamento e integração na comunidade escolar.
Os educandos de hoje são massacrados, ainda na infância, visando ao futuro vestibular. Esta preocupação exagerada de assegurar o futuro tolhe a diversão, as brincadeiras e até mesmo os momentos que poderiam ser vividos em família, tudo isso por conta de uma etapa que se dá em outra faixa etária, e para a qual, a criança ainda não tem amadurecimento apropriado. Há décadas priorizamos os conteúdos da educação e aniquilamos com isso o ser na sua essência, enquanto deveríamos lhe dar incentivos para sua libertação.
Por que nos familiarizamos com vários assuntos e deixamos a educação escolar delegada apenas a escola?

quarta-feira, janeiro 03, 2007

PLANEJANDO...

Olá pessoal!
Para quem não tem acesso a revista Nova Escola, aí vai um breve comentário.
Conforme havia dito, planejar é muito importante.
De acordo com os autores Márcio Ferrari e Rose Guirro, responsáveis pela matéria de capa da revista Nova Escola, indicada por mim num post anteiror, esta tarefa é coletiva, envolvendo toda a classe de funcionários de uma escola. Alerta ainda que a organização de um ano começa no fim do anterior, com um balanço individual e em grupo, mostrando quais metas se realizaram e quais não.

No meu entender este é um alerta para todas as instituições que desejam manter-se no ramo com qualidade, visto que o destino das que não se preocupam é o fracasso.

Os referidos autores dividem este planejamento em três momentos:

1º A fase da reflexão sobre o ano que passou ( Ver o que deu certo, onde houve equívocos, tomar contato com as políticas públicas definir diretrizes, organizar turmas)
2º A fase de eleger os conteúdos e criar um plano anual dos profesores (momento de cruzar informações e montar uma grade coerente com o que os alunos precisam aprender)
3º Fase de fechar o foco na própria classe e pensar nos detalhes ( O professor monta o horário semanal, prepara as atividades e faz o levantamento de recursos materiais necessários para as aulas)

É lógico que este planejamento nada pode ter de estático. Deve ser flexível para receber mudanças caso necessite.

Até breve!

domingo, dezembro 31, 2006

PARA VOCÊ GANHAR UM BELÍSSIMO ANO NOVO...

Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na Gaveta.Não precisa chorar de arrependimento pelas besteiras consumadas nem parvamente acreditar que por decreto da esperança a partir de Janeiro as coisas mudem e seja claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver. Para ganhar um ano-novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo.Eu sei que não é fácil mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre. Um maravilhoso ano para você!


Carlos Drummond de Andrade